CoDi Jr e TGD: por dentro das empresas juniores do SMD
Data da publicação: 12 de junho de 2023 Categoria: Notícias
Por Bianka Costa
Empresas juniores são populares em muitas universidades, inclusive na UFC. Entidades
organizadas como associações civis sem fins lucrativos geridas pelos próprios estudantes
de um curso superior, elas têm o objetivo de fomentar uma experiência semelhante ao
mercado de trabalho para os discentes e garantir o desenvolvimento de suas habilidades na
área de atuação. O curso de Sistemas e Mídias Digitais também conta com duas empresas
do gênero, que ajudam no desenvolvimento e crescimento acadêmico e profissional dos
alunos, assim como do próprio curso.
A UFC tem oficialmente 39 empresas juniores, sendo duas relacionadas ao curso de
Sistemas e Mídias Digitais: a Container Digital Jr. (CoDi Jr), focada em projetos de design,
sistemas e audiovisual; e a The Guardian Dog Studio (TGD Studio), focada principalmente
na criação e desenvolvimento de jogos digitais.
A Container Digital Júnior (também conhecida como CoDi Jr) foi a primeira empresa do
curso, fundada em 2014, com o objetivo de seguir o SMD em seu espírito multidisciplinar e
abranger diversas áreas de atuação relacionadas à tecnologia, envolvendo principalmente
soluções em design, programação e audiovisual. De acordo com a vice-presidente da EJ,
Samiris Albuquerque, “os serviços oferecidos pela CoDi Jr variaram muito durante seus
anos de existência e dependem muito dos interesses dos membros de cada época, mas
atualmente oferecemos serviços de criações de sites, criação de identidades visuais,
gerenciamento de redes sociais, criação de conteúdo digital para mídias sociais e criação
de ilustrações vetoriais personalizadas”.
Já a The Guardian Dog Studio (também conhecida como TGD Studio) é a empresa júnior
do curso com foco em desenvolvimento de jogos digitais independentes, sendo a primeira
EJ do tipo no país, tendo como missão desenvolver jogos de excelência a preços acessíveis
e expandir o mercado do tipo no Brasil. A TGD foi fundada em 2019 e desenvolve jogos
para plataformas mobile e desktop, tendo produzido apenas jogos autorais até o momento,
porém, segundo o produtor executivo Mattheus Del Vianple, “estamos nos preparando para
participar de editais e prospectar clientes para codesenvolvimento e oferta de serviços”.
Como empresas juniores têm como objetivos intrínsecos a preparação e vivência próxima
ao mercado de trabalho, a dinâmica interna delas é muito semelhante à realidade
profissional. “Após um projeto ter sido fechado com um cliente, inicialmente é feito um
levantamento por parte da Diretoria de Projetos de quais os atuais Membros Projetistas
livres e com interesse em realizar projetos na área de atuação do projeto atual”, explica a
vice-presidente da CoDi Jr. “Cada membro é chamado de forma particular pelo Diretor de
Projetos ou o Coordenador de Projetos responsável pelo trabalho, dando detalhes acerca
dele e convidando-o a participar, sendo possível que o Membro rejeite a oferta caso ela não
o interesse ou por outras razões particulares”.
Desenvolvendo múltiplas atividades.
Os alunos diretores da empresa, juntamente com o mascote ‘Perry Ornitorrinco’ (Reprodução: instagram/CoDiJr)
Como membro recém ingresso da CoDi, o aluno assume primeiramente o cargo de Membro
Projetista, participando de projetos em qualquer que seja a área que deseja exercer e se
aprofundar. No entanto, há também os cargos superiores de Coordenadores e Diretores, no
qual o participante ao longo do tempo pode ascender, sendo “a forma de subir para os
cargos de Coordenadores e Diretores é diferente: Coordenadores podem ser chamados
para o cargo por indicação dos Diretores, ou por processo seletivo interno organizado pela
diretoria a qual o coordenador irá responder; Diretores, por sua vez, são escolhidos a partir
de eleição por toda a EJ uma vez por ano. Qualquer membro é um possível Coordenador,
assim como qualquer membro também pode se candidatar a algum cargo de Diretor.”
A priori, a maior diferença entre uma empresa júnior e empresas em geral, são que estas
últimas são geridas por estudantes de determinado curso de qualquer instituição de ensino
superior e não visam o lucro pessoal em seu desenvolvimento, tendo como seu objetivo
supero a experiência empreendedora e o crescimento profissional e acadêmico de seus
associados. Dentro de empresas juniores – ou EJs –, não há um salário específico para os
participantes, sendo os lucros que advém dos trabalhos transformados na melhoria de
capacitação de toda a empresa e dos alunos.
Assim como em outras empresas, para participar da EJ é necessário ser aprovado em um
processo seletivo que ocorre, normalmente, duas vezes ao ano, no início de cada semestre
letivo, e também possuir um vínculo ativo com a UFC. É uma seleção aberta aos alunos de
todos os cursos da universidade. Como o foco da EJ é possibilitar oportunidades de
aprendizagem, o processo seletivo “engloba não apenas avaliações convencionais de
portfólio e currículo, mas uma observação sobre sua vontade de aprender, seu
comprometimento e seu trabalho em equipe”, pontua Samiris.
A empresa trabalha com clientes reais e desenvolve projetos em diversas áreas de atuação (Reprodução: behance/CoDiJr)
No âmbito acadêmico, a CoDi Jr. não oferece benefícios específicos, como pontuações
extras para integração curricular. “Academicamente, podemos apenas promover amizades
na universidade e horas complementares da categoria de extensão”, diz Samiris. No
entanto, no meio profissional muitas portas e oportunidades se abrem: “oferecemos a porta
de entrada para uma visão de como funciona o mercado de trabalho, partindo do trabalho
em equipe nos projetos, da comunicação e demandas com cliente, organização de
cronograma, divisão de tarefas, entre outros. Além dessa organização básica, também
oferecemos a chance de ter cargos de gestão para entender certos funcionamentos internos
de empresas. E, para os mais apaixonados, é possível embarcar no mundo do
empreendimento na liderança da empresa” finaliza a vice-presidente.
Dois novos jogos
A The Guardian Dog Studio teve até o momento dois jogos lançados: Super Gattai, um jogo
mobile disponível na Play Store que une o gênero tokusatsu à administração e defesa de
uma cidade, controlando robôs gigantes e coletando recursos para crescimento, e que, em
2020, venceu o prêmio de Melhor Jogo Cearense pela UCEG (União Cearense de Gamers).
E ‘Call Of The Racket’, disponível para download na plataforma itch.io. De gênero “dark
hell”, o jogo esteve em exibição durante o SANA 2022 e envolve exploração e ação em que
o jogador desvenda uma caverna.
O jogo foi lançado no ano passado, e está disponível para download gratuito (Reprodução: itch.io/TGDStudios)
Segundo o produtor executivo, a forma de entrada na empresa pode ocorrer por
‘headhunting’ – uma espécie de convite da própria empresa a quem ela julgar promissor –
ou por um processo seletivo, sendo essa etapa aberta a qualquer aluno da UFC que não
esteja cursando último semestre de sua graduação. O participante escolhe que função irá
desempenhar dentro da EJ durante a inscrição no processo seletivo, sendo tudo referente
ao processo baseado nessa escolha. Já sobre a subida de cargo por parte do participante
dentro da EJ, Del Vianple explica que “não é possível subir de cargo na empresa pois ela
não possui cargos superiores ou inferiores, porém, é possível fazer parte do corpo
administrativo, que possui funções adicionais de trabalho na EJ”. A dinâmica dentro da
empresa é bem similar às empresas de jogos, ainda pouco populares no país, e a chegada
de um novo projeto na EJ envolve reuniões com todos os integrantes para a tomada de
decisões que guiam e definem a estrutura dele, envolvendo em seguida as etapas de pré-
produção e produção.
Em relação aos benefícios que a participação em uma empresa tão autêntica em seu
propósito quanto a TGD pode oferecer, estão envolvidos muito mais do que somente uma
grande quantidade de horas complementares. Há também a abertura de portas para a
contratação no mercado de trabalho, pois “são diversas as histórias de ex-
colaboradores(as) da empresa que dizem ter conseguido sair na frente em seleções de
emprego devido a experiência na EJ”, pontua o produtor executivo.
As EJs são entidades importantíssimas, que cooperam no desenvolvimento das habilidades
de seus participantes e na fomentação do empreendedorismo na área, possibilitando um
trabalho de qualidade por preços acessíveis, o que garante maior abrangência de
consumidores e clientes. Portanto, apesar de não haver um ganho salarial direto com o
trabalho, ganha-se com a participação e experiência em todos os sentidos para o
crescimento acadêmico e profissional do aluno.
