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Sistemas e Mídias Digitais

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SMD na era da inteligência artificial: desafios e oportunidades para os futuros profissionais

Data da publicação: 21 de julho de 2025 Categoria: Notícias

(Foto: Tara Winstead)

Por Ana Valeska Ribeiro

É inegável a ascensão da inteligência artificial (IA). Já existem inúmeras IAs com finalidades diversas que podem nos auxiliar em várias atividades e, a cada dia, elas se tornam mais avançadas, permitindo que nosso trabalho seja mais rápido e eficaz. É claro que todos que têm acesso a essas tecnologias querem utilizá-las — afinal, quem não deseja uma boa solução tecnológica que ajude a reduzir o tempo necessário para concluir uma tarefa e, assim, diminuir a exaustão?

Todos os entrevistados desta reportagem relataram que fazem uso de IA, seja para revisar textos, gerar ideias ou criar códigos funcionais. Isso mostra que sua presença na vida das pessoas já é uma realidade. Sendo assim, não faz mais sentido discutir um futuro com ou sem inteligência artificial — ela veio para ficar. O mais sensato agora é entender quais são seus impactos e aspectos negativos e qual a melhor forma de utilizá-la.

Em relação ao curso de Sistemas e Mídias Digitais (SMD), é inevitável pensar e se questionar sobre como a IA está transformando as áreas abordadas pela formação, como design digital, programação de computadores, audiovisual e desenvolvimento de jogos. Alguns alunos do 5º semestre que já atuam na área — seja como bolsistas em projetos da universidade, estagiários ou freelancers — compartilharam suas opiniões sobre esses temas. 

Para Davi Calô, nenhuma área do SMD foge dos impactos da IA: “Está mudando todas as áreas que envolvem o SMD, seja pela possibilidade de as IAs gerarem códigos funcionais, seja por permitir a edição e criação de imagem de maneira rápida e acessível, por mais que com alguma limitação de qualidade”.

Carolina Ribeiro vê os lados positivos e negativos das mudanças causadas pela IA nas diferentes áreas do SMD: “Acho que, em algumas áreas, pode ajudar, mas também prejudica bastante, principalmente na parte artística, desestimulando a criatividade e a originalidade”.

João Marcos Moura, que é mais voltado para a área de sistemas do SMD, afirma que um dos impactos da IA nessa área está na sua utilidade tanto para profissionais iniciantes quanto para os mais experientes: “Na minha área de programação, está sendo muito usada tanto por ‘pseudo-desenvolvedores’ ou desenvolvedores mais iniciantes, para vibe-coding (construir aplicações inteiras usando IA), quanto por desenvolvedores mais maduros, para ter aumentos de produtividade”.

Letícia Rodrigues, assim como Carolina Ribeiro, vê os lados positivos e negativos dos impactos da IA nas áreas do SMD: “Acredito que, em alguns momentos, pode estar sendo usada de forma errada, na qual a pessoa pode apenas copiar e colar o texto em seus trabalhos. Mas, em outros momentos, ela ajuda bastante a descobrir o que fazer, dá um norte muito bom, ajuda a gente a escrever melhor os textos, dá novas ideias muito boas”.

Nicole Amanda do Nascimento, apesar de saber que a IA apresenta alguns riscos, vê mais o lado positivo da tecnologia, especialmente como aluna: “Atualmente, muita coisa já tem mudado com a inclusão da IA nas áreas de estudo abordadas pelo SMD — de formas positivas e negativas. Pelo lado acadêmico, como aluna, eu vejo mais os aspectos positivos. É confortante ter uma ferramenta que possa me auxiliar em qualquer dúvida que eu tenha, independentemente de qual seja. Mas, como alguém que trabalha na área, percebo que os aspectos negativos pesam bem mais. Por exemplo, a forma como a coleta e a análise de dados para o ‘treinamento’ da IA geram insegurança quanto ao nível de privacidade que os usuários têm em relação às suas informações disponíveis na internet, além das questões éticas que envolvem o uso desses dados sem permissão. Há também a possível substituição de profissionais da área de tecnologia por IAs. Apesar de ainda não ser possível dizer exatamente como, já é bem claro que as IAs terão um impacto ainda maior no futuro”.

Principais benefícios do uso da IA

Como toda nova tecnologia, a IA tem seus prós e contras e, para um profissional formado no Curso de Sistemas e Mídias Digitais, sua utilização pode trazer muitos benefícios. Não é à toa que ela já é amplamente usada por estudantes e profissionais da área. Produtos como Chat GPT, Copilot, Gemini e Claude foram algumas das IAs citadas pelos alunos, que já fazem parte do dia a dia de muitos deles. E, é claro, eles também destacaram quais são os principais benefícios que enxergam no uso da IA para quem trabalha com sistemas e mídias digitais.

Davi Calô acha que a diminuição do tempo para fazer alguma tarefa é uma das principais vantagens da IA: “Eu acho que a capacidade de reduzir o tempo que levaria para concluir um trabalho é o principal atrativo das IAs. Por exemplo, se tenho uma dúvida sobre alguma parte do meu código, antes teria que passar algum tempo em fóruns procurando a resposta, mas, hoje em dia, um simples prompt me retorna a resposta em minutos”.

João Marcos Moura pensa que a IA pode ser uma boa ajudante, mas que não se deve depender totalmente dela: “Vejo a IA como um companheiro bem inteligente, mas com quem também é preciso discutir suas respostas. Não dá para aceitar de imediato tudo o que os modelos respondem. Nesse sentido, os benefícios dependem muito de como ela é usada. A IA tem grande capacidade de automatizar tarefas mais manuais e cansativas, ajudar a aprender coisas novas, aumentar a produtividade, etc”.

Letícia Rodrigues diz que uma das principais vantagens da IA é a ajuda na formulação de ideias: “Acho que o principal benefício é a geração de ideias, que, por mais que uma não seja tão legal assim, você acaba refletindo e tendo outra ideia a partir de uma que o GPT deu. Além disso, ela nos ajuda a resolver problemas de código, entre outras coisas”.

Nicole Amanda do Nascimento acredita que a IA pode ajudar muito no design: “As IAs abrem mais portas para customizações. Como designer, percebo como elas conseguem auxiliar principalmente em designs físicos, na criação de protótipos, nos testes de aplicação de marcas, etc”.

Principais riscos do uso da IA

Já está bem claro que as vantagens da IA são realmente impressionantes, mas não se pode fechar os olhos para os riscos que ela traz — e ainda pode trazer — à medida que evolui. Há muitas preocupações em relação a possíveis consequências desastrosas do uso da IA, como o desemprego, questões éticas e a dependência excessiva dessas tecnologias. Os entrevistados compartilharam suas percepções sobre as desvantagens da IA, expressando medos, receios e preocupações quanto ao seu uso. 

João Marcos Moura aponta alguns riscos relevantes, como a perda de empregos e possíveis problemas cognitivos em quem utiliza a IA: “Acredito que todas essas preocupações são reais acerca do uso de ferramentas de IA. Muito provavelmente, as pessoas que não conseguirem se adaptar e se reinventar nessa nova era da IA correm grande risco de perder seus empregos. Além disso, ainda há muito a ser discutido sobre ética e IA, tanto por parte das empresas que desenvolvem essas ferramentas quanto por parte de quem as utiliza. É imperativa a regulamentação das ferramentas de IA. Já há estudos preliminares demonstrando que o uso da IA pode, sim, reduzir o nível de atividade cerebral dos usuários, sugerindo um possível atrofiamento do pensamento com o tempo. Dessa forma, discussões sobre um uso mais ‘correto’ da IA também são necessárias”.

Davi Calô ressalta que o risco que mais teme está relacionado à ética envolvida na construção da IA: “Com certeza, o uso traz alguns riscos que devem ser considerados por quem utiliza IA no dia a dia. A IA é uma tecnologia que, como qualquer outra, apresenta riscos. Na minha visão, o principal problema é a ética usada na construção dessas ferramentas, que muitas vezes utilizam dados privados ou informações sem a permissão dos criadores dessas fontes”.

Carolina Ribeiro relata alguns perigos que a IA pode causar: “Risco de confiar demais na veracidade das informações que ela fornece, perda de criatividade e roubo de propriedade intelectual de artistas”.

Letícia Rodrigues admite os riscos de dependência em IA, mas também acredita que, se for usada de forma consciente, a tecnologia não trará riscos ao mercado de trabalho: “Há muita dependência de IA — eu me sinto bastante dependente, pelo menos. Em relação ao desemprego, acredito que isso não irá acontecer se todos souberem usar bem essas ferramentas e não quiserem substituir o emprego de alguém por uma IA”.

Nicole Amanda do Nascimento confidencia seus temores a respeito da nova tecnologia: “É difícil dizer como as IAs vão afetar nossas áreas de atuação a longo prazo, mas os medos são reais. A tendência é que a tecnologia eventualmente se torne tão proficiente nas áreas de programação e design que talvez possa até substituir os profissionais formados nessas áreas. Eu também temo que isso possa acontecer”.

Tainá Edwiges diz que o que mais a preocupa é o que a IA pode fazer na área de design: “Me preocupa um pouco, principalmente na área de design gráfico. Acho que, em breve, a IA vai saber fazer bons designs visuais. Uso ético e dependência não me preocupam”.

IA e o Mercado de Trabalho

Uma das principais preocupações em relação ao uso da IA é até que ponto ela irá complementar o trabalho dos profissionais ou se acabará por substituí-los — ou, ao menos, reduzir a demanda por determinadas áreas. Nesse contexto, é necessário refletir sobre qual será o papel do ser humano em um cenário cada vez mais automatizado. Também se questiona como será o trabalho das pessoas diante do avanço dessa tecnologia: será que vai mudar muito? Para explorar essas questões, os alunos compartilham suas perspectivas sobre o uso da IA e seu impacto no mercado de trabalho, especialmente no que diz respeito à possível substituição de profissionais.

Na visão de Davi Calô, a IA ainda não possui capacidade para substituir profissionais e, atualmente, serve como uma ferramenta complementar ao trabalho.

Carolina Ribeiro relata algumas tendências preocupantes que já acontecem no mercado, mas, mesmo assim, mantém um pensamento otimista: “Hoje em dia, já acontece de empresas substituírem desenhistas, profissionais de animação ou roteiristas por IAs, mas acredito que nada substitui o olhar artístico ou a originalidade do ser humano”.

João Marcos Moura vê a IA como uma ferramenta, e acredita que os profissionais devem se adaptar ao seu uso: “Acredito que a IA é uma ferramenta como qualquer outra — muito poderosa, mas ainda assim, uma ferramenta. Por isso, é preciso que os fluxos de trabalho e os próprios profissionais se adaptem ao seu uso”.

Inclusive, João Marcos relata que já teve uma experiência profissional no desenvolvimento de um chatbot com IA generativa: “Já desenvolvi, junto com minha equipe de estágio, um chatbot com IA generativa adaptado a um domínio específico. A ideia era que ele atuasse como um assistente virtual para sanar dúvidas relacionadas a processos seletivos organizados por uma empresa, a fim de reduzir o grande volume de contatos de candidatos em busca de esclarecimentos sobre questões básicas”.

Letícia Rodrigues não acredita que a IA irá substituir profissionais, mas sim complementar o trabalho deles: “Acredito que ela irá complementar o trabalho dos profissionais, poupando, muitas vezes, o tempo deles. Eu espero conseguir me relacionar bem com as IAs e que elas tornem as jornadas de trabalho um pouco menos exaustivas, poupando meu tempo e me ajudando em tarefas, entre outras coisas”.

Nicole Amanda do Nascimento não acredita que a IA possa substituir completamente certos profissionais: “As IAs já complementam o trabalho dos profissionais da área de Sistemas e Mídias Digitais, e devem melhorar ainda mais nessa função. E, apesar de essa possibilidade existir no futuro, não acho que uma máquina será capaz de substituir completamente a função de um designer ou de um programador. Eu imagino que a IA será capaz de me ajudar nas limitações que eu encontrar”.

Tainá Edwiges acredita que a IA irá apenas complementar o trabalho dos profissionais, além de modificar, em certa medida, a forma como esse trabalho é realizado. Ela cita, por exemplo, que o trabalho do designer tende a se tornar mais reflexivo e menos “mão na massa”.

Os estudantes demonstram um pensamento crítico em relação ao uso da IA, mas também se mostram abertos às possibilidades que a tecnologia oferece. Embora reconheçam os riscos — como a substituição de profissionais, a dependência excessiva e os desafios éticos —, muitos veem na IA uma aliada poderosa para otimizar tarefas, estimular a criatividade e transformar a forma de trabalhar. O uso consciente dessa nova tecnologia parece ser o caminho mais viável para acompanhar as mudanças que já estão ocorrendo.

Veja o guia para o uso da IA na universidade desenvolvido pela Universidade Federal da Bahia. 

Nota: A produção deste texto contou com o uso do Chat GPT para corrigir erros gramaticais e de pontuação.

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